Com a fundação da cidade de Maringá, e o loteamento da área urbana, fez-se necessário a ação de pessoas para proceder a venda dos lotes que aqui chamamos de Datas. Muitos dos quais ainda aqui vivem com orgulho de ter participado dessa saga para a evolução de uma cidade que nem esperavam fosse se tornar tão linda e importante no cenário do Estado e do País.
Com tantos anos no exercício de corretor de imóveis, e construção civil, tive o prazer de conhecer e me tornar amigo de mitos colegas.
Ser corretor de imóveis não é ser apenas um intermediário à venda de um objeto qualquer; Trata-se da transferência de um bem imóvel do legítimo proprietário para o comprador, por meio de um Contrato de Venda e Compra, elaborado em Cartório e posteriormente registrado na Circunscrição Imobiliária.
A responsabilidade do corretor é atrelada Cível e Criminalmente, e jamais poderá ele usar de artifício ou truculência referente ao recebimento de comissão pelos serviços prestados, estabelecido conforme a Lei. Por isso digo que me orgulho dos colegas que conheci e com quem mantenho perene amizade. Quem assim não o foi, não é meu amigo!.. Seria impossível lembrar o nome de todos apenas numa página, mas vou citar alguns dos mais antigos: Lembro por exemplo do Gilson Escada, do Zênite, o Helio Moreira, do Jorge Fregadolli que aliás foi um dos primeiros, e tantos outros; Cláudio Sandri, Elias, o Iraci Mochi, Ataídes Tambani, o Pedro Granado, Arthur Rempel, o Alaôr Theodoro, o Fernando, o Itamar e o Antonio Ribeiro. Também algumas mulheres, a Eleni, a Rosely e Irene Messias. Aos demais colegas peço desculpas por não nominá-los, mas tenham a certeza: Quando olho em meu coração, sinto todos aqui dentro... Gosto dessa profissão porque ela é dinâmica e variada, o corretor tem que estar sempre atento a tudo o que acontece na cidade e, se foi correto, eficiente e leal em todos os negócios que participou, causando contentamento para ambas as partes, certamente conseguirá credibilidade para negócios futuros.
Acho que cada um de nós sempre têm algum acontecimento ás vezes engraçado, outras nem tanto para contar: Certa vez estava eu fechando uma venda no valor de duzentos mil reais a ser pago nas seguintes condições: Cinqüenta mil reais no ato, e o restante mediante a escritura definitiva assinada pelo vendedor e o comprador e devidamente registrada
O proprietário boquiaberto como eu, só me olhou e: - Belo comprador você arranjou não é? – E ali ficamos um olhando para a cara do outro, como um bom par de asnos.
Outra passagem: Foi quando levei um interessado na compra de uma fazenda
Sem a menor cerimônia estendeu a mão se apresentando: - Prazer, meu nome é Zé de Sosa; vieram compra fazenda? – Sim, mas já tenho uma oferta que me interessou; hoje vou correr as divisas com o meu corretor. O cara olhou franzindo a testa me encarando de cima a baixo retrucou com a maior calma: Á bão. Mas toda aquela aparência de calma não é de boa paz não senhor, esses falsos caboclos são espertos e perigosos, e ele não se conformou em perder um comprador em potencial e na maior cara-de-pau perguntou na lata:- Qual é a fazenda? – Quando meu comprador falou, na hora o indivíduo berrou: - Essa eu conheço! É ruim, não tem boas águas, a terra é fraca, ta muito mal cuidada, sabe que lá já teve até "chaminé"? – isso quer dizer posseiro. – Agora eu tenho uma que ta nas minhas mão, pra venda, e me encarando olho no olho, com cara de mau advertiu: E eu to sozinho no negócio! O senhor não pode deixar de ver, eu levo oceis. Meu cliente concordou em ir, acho que mais para por panos quentes na situação do que comprar, e lá fomos nós ver a tal fazenda. Depois de vermos tudo ele me olhou e afastando-se do tal Zé falou baixinho: Isto aqui é uma merda. Depois deu umas desculpas dizendo ter de pensar bem antes e que mais tarde faria contato inclusive pegando o endereço.
Lá era assim, quando se via um tipo desses, com uma capanga cheia de papeis sujos e surrados presa pelo sovaco, com certeza, ali estava um picareta. Os corretores daqui até diziam em tom de brincadeira: Quem tiver que levar um comprador àqueles lugares, terá que leva-lo dentro de um saco!...
Por fim, consegui realizar o negócio, mas nunca mais voltei lá...